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PONTOS FINAIS HUMANITÁRIOS?
09 de Maio de 2017
Imagem ilustrativa Fonte: Guia Brasileiro de Criação e Utilização de Animais para Atividades de Ensino e Pesquisa

Prevenção da dor e do distresse potencial 


Todo protocolo de pesquisa deve descrever claramente os pontos finais (“endpoints”) que serão utilizados. Estes pontos finais devem ser adequados para a espécie utilizada no estudo e o monitoramento das condições deve ser feita para cada animal envolvido. Idealmente os objetivos científicos do protocolo de pesquisa devem ser atingidos sem afetar negativamente o bem estar animal. Entretanto, muitas vezes não é possível atingir os objetivos nesta condição ideal, assim deve se considerar: os requisito científicos do protocolo; efeitos negativos previstos e/ou esperado sobre o bem estar dos animais; cinética provável e progressão dos efeitos adversos; indicadores preditivos precoces de efeitos adversos atuais ou iminientes. As fases de um protocolo que podem ter impacto para o animal, não estão limitadas unicamente, aos procedimentos experimentais. Outras fontes potenciais de dor, estresse e distresse podem ser consideradas, tais como captura, transporte, manuseio, contenção, alojamento, ambiente social e físico, manipulação genética entre outros. A prevenção de dor e distresse potencial requerem conhecimento do controle e manuseio do animal, seu comportamento normal e o que pode ser esperado se os procedimentos utilizados causarem efeitos adversos nele.


 


PONTOS FINAIS HUMANITÁRIOS


Protocolos de pesquisa com pontos finais cientificamente justificáveis podem levar a alterações significativas no bem estar animal apesar da adoção de práticas de prevenção de dor e distresse e estratégias de monitoramento adequadas. Portanto, todo protocolo de pesquisa deve considerar a possibilidade de adoção de pontos finais humanitários. Um ponto final humanitário deve permitir o alcance dos objetivos científicos do protocolo de pesquisa e ao mesmo tempo minimizar o sofrimento. Todo protocolo experimental deve conter as descrições de pontos finais (endpoints) apropriados para espécie de animal de experimentação em uso. O encerramento de um estudo ocorre quando os objetivos científicos foram alcançados. Já o ponto final humanitário é o momento no qual o encerramento é antecipado para que a dor e o distresse do animal sejam prevenidos, aliviados ou finalizados. Em protocolos experimentais que envolvem morte como desfecho provável, a escolha de um ponto final humanitário adequado é ainda mais importante para abreviar o sofrimento de animais que progredirão inexoravelmente para a morte. O uso de pontos finais humanitários contribui para o refinamento provendo uma alternativa aos pontos finais experimentais no caso de dor ou distresse grave nos animais. O pesquisador que tem conhecimento preciso tanto dos objetivos do estudo, como do modelo proposto, deve identificar, explicar e incluir no protocolo de estudo um ponto final que seja consistente tanto do ponto de vista científico quanto humanitário. Quando estudos novos forem propostos é interessante a realização de estudo piloto para avaliar a dor e o distresse que podem ocorrer durante o estudo. Os pontos finais devem ser objetivos e baseados em evidências a fim de:


 Limitar sofrimentos que não tenham sido previstos;


 Evitar a antecipação da morte desnecessária de animais cujo bem estar está menos comprometido do que se crê ou antes que o objetivo científico tenha se completado;


 Informar sobre o índice de severidade do procedimento;


 Avaliar melhoramentos potenciais.


Ao reconhecer um ponto final as seguintes ações devem ser tomadas:


 O animal deixa de ser um sujeito experimental;


 Ajustar o protocolo para reduzir ou remover a causa do efeito adverso e com isto permitir que o animal se recupere;


 Administrar tratamentos sintomáticos ou de suporte;


 Morte humanitária (eutanásia) do animal.


Deve-se destacar que não pode haver demora entre reconhecer e agir; o bem estar animal não está protegido por sistemas nos quais as decisões e as ações exijam longos comunicados ou burocracia demorada.


 


Procedimentos em casos de presença de sinais de comprometimento do bem estar


Em quaisquer circunstâncias onde a experiência de dor ou desconforto for eticamente justificada como parte do estudo, sendo estes elementos reais ou potenciais, os mesmos deverão ser minimizados ou aliviados. A intervenção será necessária para aliviar e monitorar complicações, sejam elas previstas ou não. Quando previstas, um plano para lidar eficazmente com tal evento deve ser desenvolvido antes do início do estudo. Ao longo do curso do estudo, a frequência e tipo de complicações devem ser monitoradas e estar sujeitas a uma revisão contínua e a uma investigação detalhada, visando minimizar complicações indesejadas. Em muitos casos, pode ser possível aliviar a dor ou desconforto sem comprometer os resultados científicos. Estratégias especificas deverão ser adotadas em cada projeto, e podem incluir um aumento na frequência de monitoramento relacionado ao início ou alteração de sintomas, provisão de terapia de apoio como fluidos, uso estratégico de analgésicos ou condições de alojamento especificas.


Ações a serem tomadas quando um sinal específico ou combinação de sinais é observado em um animal devem ser definidas. A depender da gravidade do sinal, tais ações ou intervenções poderão incluir:


 promover o conforto do animal fornecendo tratamentos de apoio (ex.: calor, higiene, fluidos, nutrição e necessidades sociais);


 aumentar a frequência de acompanhamento/observação;


 consultar um veterinário com experiência apropriada;


 administrar um tratamento específico (ex.: um agente analgésico);


 submeter o animal à eutanásia.


Os pesquisadores precisam agir prontamente para aliviar a dor ou sofrimento, o que pode determinar a continuação ou interrupção do projeto. 


 


http://www.mct.gov.br/upd_blob/0234/234850.pdf